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  • Foto do escritorGabriela Braun

O dia que Rafael Apanhou

Quando Rafael fez dois anos de idade ele iniciou sua vida escolar. Logo no primeiro mês ele começou a apresentar um comportamento repetidamente: não querer tomar banho. A hora dos banho passou a ser, literalmente, uma guerra em nossa casa. Durante uma semana inteira, quando chegava na hora de tomar banho ele começa a gritar, se jogar no chão e assim por diante. Houve dias em que a cena chegou a durar mais de 40 minutos, com tantos gritos intermináveis que os vizinhos chegaram a vir perguntar se tudo estava bem. Não, nada estava bem!!! Em um desses episódios eu me meu marido perdemos a cabeça e batemos nele. Foi a primeira vez que ele apanhou. As pernas ficaram vermelhas com os tapas e chineladas que levou. Mas ele não cedeu e as palmadas acabaram por deixar a situação muito pior.




Lembro até hoje do seu olhar quando apanhou. Um olhar com um misto de raiva e tristeza. E aquele olhar acabou comigo. Me senti a pior mãe do mundo. Fui procurar a psicóloga da escola dele para que ela me desse uma "luz". Logo no inicio da conversa já fui dizendo: "Tem coisas que são inegociáveis, tomar banho é uma delas! Meu pai não precisava nem falar, ele só me olhava e eu já estava embaixo do chuveiro.!" Muita calma, ela me fala: "A questão aqui Gabriela, é que você não é seu pai e Rafael não é você. São pessoas diferentes. Por isso, talvez você precise agir diferente."


Saí arrasada da conversa, primeiro porque não tinha conseguido a fórmula mágica para resolver o problema do banho. Segundo porque me dei conta de algo que mudou toda minha trajetória como mãe: eu não sou meu pai, nem minha mãe, precisava encontrar meu próprio jeito de maternar. Cheguei em casa, me tranquei no banheiro e, sentada no vaso sanitário, com as mãos na cabeça fiquei por quase 15 minutos. Eu só pensava em encontrar um jeito de resolver toda aquela situação. Estava exausta! De repente, não sei como, tive uma ideia. Fui até a cozinha, peguei uma esponja de lavar louça e disse ao meu filho: Rafa, a mamãe precisa lavar os azulejos do banheiro, você me ajuda? Ele prontamente veio e já foi entrando no box com roupa e tudo. Coloquei um pouco de sabão na esponja e, enquanto ele lavava os azulejos super animado eu fui tirando a sua roupa e dando banho.


Aquela cena mudou minha forma de ver o mundo. Lembro como se fosse hoje meu primeiro pensamento: Por que escolhemos o caminho mais difícil? Crianças são lúdicas! Por que escolhemos o caminho da disputa de poder? Da imposição? Da guerra? Existem outros caminhos, eles estão dentro de você, basta encontrar. Esse vídeo acima é do banho do Rafa. Até hoje, com 5 anos a hora do banho aqui em casa é com diversão. Tem dias difíceis? Sim, somos humanos. Mas na sua maioria, são leves! É sobre ter uma maternidade mais leve que eu te convido a vir refletir comigo!

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