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  • Foto do escritorGabriela Braun

Disciplinar sem castigar, é possível?

No primeiro texto dessa série sobre castigos eu relatei sobre a minha experiência com a palmada como alternativa de correção para um mau comportamento. Se você ainda não leu, pare por aqui e dá uma espiada lá no meu blog, te prometo que será rapidinho! Quando percebi que bater não estava funcionando para lidar com os comportamentos desafiadores do Rafael decidi estudar sobre o desenvolvimento infantil e como se dá a construção do aprendizado na primeira infância me deparei com um mundo de possibilidades.



Eu sempre falo que meu filho veio ao mundo para me ensinar e me mostrar qual minha verdadeira missão nesse mundo. Essa foi uma das formas que ele encontrou para me mostrar que disciplinar filhos vai muito além de uma disputa de poder.

Em geral, quando castigamos as crianças elas costumam parar com o mau comportamento naquele momento, mesmo que voltem a repeti-lo depois. Rafael em nenhum momento parou de executar o comportamento desafiador, mesmo quando recebeu palmada, foi para o cantinho do pensamento ou mesmo teve benefícios usurpados. Essa, talvez tenha sido a forma que ele encontrou de abrir meus olhos e me fazer ir atrás de outras possibilidades de disciplina. E o que eu comecei a me perguntar então foi qual seria o melhor caminho para educar uma criança. Permitir demais cria filhos sem limites e sem habilidades necessárias para se tornarem adultos responsáveis e capazes de lidar com as adversidades e frustrações da vida. Punir e castigar faz com que a criança se sinta inadequada, desafiada, e enxergando a violência como uma forma de resolver conflitos. Quando você grita, bate e se altera esta mostrando para a criança que essa é a melhor forma de resolver as coisas. E como boas esponjas que são as crianças aprendem bem e de forma rápida, passando a reproduzir o padrão que ensinamos a elas. Não é a toa que as correções acabam sendo um cenário para um filme de drama. Os filhos agem de forma inadequada, os pais reagem então os filhos reagem e por aí vai o ciclo da disputa de poder.

Talvez você esteja pensando: “Eu apanhei, fui punido e me sai bem. Uma palmada não faz mal a ninguém.” E quando nos lembramos de alguns castigos até achamos graça. E é verdade, a maioria de nós se saiu bem apesar dos castigos e punições. A questão aqui é: se tivéssemos tido permissão para aprender com nossos erros, ao invés de sermos obrigados a pagar por eles, é possível que não tivéssemos tanto medo de errar hoje? Que, talvez, tivéssemos nos saído melhor do que “bem”? Tornamos-nos adultos e esquecemos como sentíamos quando éramos criança. Achamos graça às vezes quando uma criança nos conta que tem medo de monstros, olhamos para ela e simplesmente dizemos que monstros não existem. Para que possamos nos tornar pais empáticos, capazes de nos comunicarmos com nossos filhos, é preciso que você volte a sentir e pensar como uma criança. Talvez nesse momento, você lembre o que se passava na sua cabeça enquanto era castigado pelos seus pais. Ou quando era colocado no cantinho do pensamento para pensar no que havia feito de errado. A probabilidade de que ela pense no quanto você esta agindo mal com ela ou no quanto ela é inadequada é grande. As crianças não nascem más, mas nós realizamos coisas más com elas. Não propositalmente, apenas porque não conhecemos outras formas de agir.


Quando eu entendi que quem precisava mudar no processo de disciplinar meu filho era eu, tudo mudou. Quando eu passei a falar de forma diferente com ele, respeitosa, levando em conta seus desejos e construindo soluções e não cutucando problemas, nossa vida mudou. Sim, ainda é desafiador. Todos os dias preciso me lembrar do que tem que ser feito, porque o modelo mental que carreguei comigo por anos, aquele que me faz reagir ao comportamento inadequado de forma violenta (e violência não é apenas física, é verbal também). Sim, é desafiador. Mas se tem um propósito inabalável na minha vida, é o meu filho. Então, por ele, eu decido todos os dias ser um pouco melhor na forma de disciplinar.

Se você também estiver disposta a entrar nessa jornada, te convido a repensar a forma de educar. Lembre que: Educar sem castigar não significa deixar a criança escapar das consequências do seu comportamento; a palmada ensina as crianças: 1. a temer o mais forte e mais poderoso; 2. que a agressão física é uma atitude normal e praticável; 3.que as pessoas que mais amamos podem nos ferir; 4.que ocultar fatos ou mentir pode ser bom para evitar as palmadas ou castigo.

* Educar sem punir significa ajudar as crianças a explorar as consequências das suas escolhas em um ambiente que valoriza o encorajamento, pensando nos erros como oportunidades de aprendizagem e não de punição.

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