Segundo uma enquete da revista Crescer realizada com 400 pais, 56% responderam que seus filhos fazem birra após ouvir Não, 12% no shopping ou mercado, 12% para tomar banho, 11% para dormir, 6% para comer, 3% para ir à escola. Como eu já escrevi anteriormente, se você é mãe ou pai muito provavelmente já enfrentou um ataque de birra do seu filho. É inevitável, simplesmente acontece quando menos esperamos.
Isso acontece porque a parte do nosso cérebro responsável pela tomada de decisão, a parte racional – o neocortex – não nasce pronto. Na verdade, ele só ficará completo por volta dos 20 anos de idade. Essa é uma informação muito importante para que nós, pais, tenhamos clareza que habilidades como controle das emoções, auto compreensão e tomada de boas decisões ainda esta em construção no cérebro da criança e, cabe a nós, auxilia-la nesse aprendizado.
A birra nada mais é do que um descontrole emocional, onde a criança ainda esta testando suas emoções e limites impostos pelos pais. Quando pergunto às mães qual a melhor forma de lidar com a birra, a maioria me responde que é ignorando a criança e deixando que ela se acalme sozinha. Caso contrário, estaremos dando voz a um comportamento inadequado da criança. Será? Quantas vezes você já se perguntou sobre isso?
Nosso cérebro é divido em duas partes, conforme nomeado por Daniel Siegel: andar de cima e andar de baixo. O andar de cima é o responsável pela parte racional e o andar de baixo é o responsável pela parte emocional. Já nascemos com o andar de baixo desenvolvido, mas o andar de cima ainda em construção. Por isso, é importante compreender qual parte do cérebro a criança esta usando durante um ataque de birra; se é o andar de cima ou o andar de baixo. Saber disso é importante, pois para cada caso podemos ter uma abordagem diferente e ensinar algo para a criança.
E como identificar qual parte do cérebro seu filho esta usando durante o ataque de birra? Primeiro você precisa conhecer a criança e isso aprendemos através da observação direta. Um ataque do andar de cima geralmente pode ser detectado quando você lembra a criança que aquele comportamento pode fazê-la perder um privilégio, algo que goste muito. Nesses casos, podemos observar através da expressão corporal e facial da criança que ela esta racionalizando e utilizando o andar de cima. Mas, existem os casos em que ela simplesmente fica tão perturbada que não consegue racionalizar nada do que você diga tornando-se, muitas vezes, inclusive agressiva. É o andar de baixo entrando em ação.
Como lidar com cada caso? Um ataque de birra do andar de cima pode ser resolvido com uma fala firme e amável onde o pai ou a mãe estabeleçam limites demonstrando para a criança que ela esta indo além de onde é aceitável. Um ataque do andar de baixo precisa de acolhimento em primeiro lugar. Precisa de conexão com a criança, fazendo com que ela se sinta segura e amada, para que depois possamos educar.
Eu sempre digo e repito que não temos manual ou receita de bolo quando o assunto é educar crianças. Sou aversa a modelos prontos porque muitas vezes nos tiram a oportunidade de pensar e analisar se aquilo é adequado ou não para nossa família. Por isso gosto e trabalho com o coaching, pois através da metodologia desenvolvemos algo extremamente poderoso: autoconhecimento. Saber olhar para dentro de si mesmo e identificar uma emoção, saber lidar com ela é o maior aprendizado que podemos deixar para nossos filhos. Para isso, precisamos nos conhecer. Saber perguntar para nós mesmos: isso é adequando para minha família?
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