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  • Foto do escritorGabriela Braun

É possível mudar velhos hábitos?


Você já parou para pensar por que fazemos o que fazemos? Eu tenho me perguntado bastante sobre isso e buscado algumas respostas que tragam à tona um pouco mais de clareza nas questões ligadas ao comportamento humano.

Que tipo de conexões cerebrais fazemos na infância e ao longo da vida que transformaram determinado comportamento em hábito e, hoje, mesmo sabendo que esse hábito não me beneficia não consigo muda-lo? Vou usar um exemplo ligado à minha rotina para tentar ilustrar esse fato. Eu sei que para aumentar meu rendimento na corrida é preciso ter uma alimentação equilibrada, com combinações de alimentos adequadas (visto que sou vegetariana) e uma rotina de treinos. Eu vou a uma nutricionista que me diz quais combinações eu preciso fazer com alimentos para suprir a ausência da carne. Tenho uma planilha de treinos da academia e da corrida. Ou seja, eu tenho as ferramentas necessárias para realizar meu projeto de correr mais e melhor. No entanto, ao longo do meu caminho vão surgindo interferências (internas e externas) que volta e meia me desviam do foco do meu objetivo.

Outro dia, enquanto eu meditava, me veio esse pensamento... se eu tenho as ferramentas, sei o que é preciso fazer, o que está me impedindo de agir na direção daquilo que desejo? E talvez essa seja a sua dúvida também. Clareza e consistência. Essas duas palavrinhas que representam muito quando estamos obstinados a conquistar algo que acreditamos ser desafiador.

Em primeiro lugar, é preciso ter clareza daquilo que você quer. Se você não tem claro o que quer, dificilmente conseguirá atingir o objetivo. Às vezes é preciso ir tirando as cascas da cebola para chegarmos no seu núcleo e entendermos o que, de verdade, está por traz daquilo que desejamos. Usando o exemplo da corrida, eu precisei compreender porque correr mais e melhor era importante para mim. Qual era o real significado disso na minha vida. E sabe o que acontece quando começamos a descascar a cebola? Às vezes, descobrimos que desejamos algo para satisfazer a vontade de outra pessoa e não a nossa, ou o que queremos não está alinhado com os valores que são importantes para nossa vida e por isso, nós mesmos nos sabotamos, ou ainda, carregamos crenças dos nossos pais, cuidadores, pessoas que conhecemos ao longo da vida, que dizem que aquilo não é para nós. Quando temos clareza do que queremos, se isso está alinhado com nossos valores de vida, fica mais fácil combater os sabotadores que nos impedem de chegar onde desejamos.

Mas só clareza não é suficiente. Eu tenho clareza do que desejo, porque desejo e do que é preciso fazer para conquistar. Ainda assim, muitas vezes me saboto e deixo de fazer o que é preciso. Isso porque tenho comigo hábitos tão fortes que me fazem realizar exatamente o contrário daquilo que é necessário fazer para chegar onde quero. Para mudar hábitos é preciso ter força de vontade e consistência. Talvez você esteja pensando: Ah, mas eu não tenho força de vontade! Todos temos! Acontece que, muitas vezes, usamos ela em outras coisas e acabamos deixando de lado para aquilo que consideramos importante.

Te liga nisso: Charles Duhigg revela pesquisas no seu livro “O Poder do Hábito” que trazem a tona uma discussão importante: A força de vontade é como se fosse um músculo. Por isso, se você precisa fazer algo que exija mais força de vontade, como por exemplo, ir à academia com frequência, fazer uma dieta, disciplinar seu filho sem castigos, é preciso poupar os músculos da sua força de vontade durante o dia. Se você os gastar muito cedo ao longo do seu dia com tarefas menos importantes, toda a sua força de vontade terá ido embora quando você precisar dela nas coisas que considera essenciais.


Uma dica legal é realizar primeiro aquelas tarefas que exijam mais força de vontade, até que elas se tornem um habito na sua vida. É possível mudar e introduzir novos hábitos na nossa vida, a ciência já provou isso através da neuroplasticidade do nosso cérebro. Para isso, você precisará ter consistência, ou seja, manter-se firme e permanecer ativo nas suas ações, mesmo quando ficar difícil. A consistência para inserir novos comportamentos precisa ser desenvolvida e acompanhada. Muitas vezes fica difícil de realizar sozinho e é necessário solicitarmos ajuda. Quando compreendemos como nossa mente funciona, como nossos sabotadores agem e que tipo de personalidade temos fica mais fácil conquistar a consistência. Eu brinco que um inimigo revelado é muito mais fácil de combater do que um inimigo às escuras. Assumir compromissos públicos com pessoas que sejam da sua convivência e confiança e estejam torcendo por você é uma das formas de aumentar as chances de você realizar algo desafiador.

Clareza e consistência estão intimamente conectadas. Quando desejamos algo desafiador, em algum momento do caminho, pode ser que você pense em desistir. Seu inconsciente vai trabalhar para te manter em uma zona segura e conhecida. Eu gosto de dizer que sempre antes da melhoria vem a “pioria.” Ou seja, até que tenhamos atingido nosso objetivo, é possível que tenhamos que enfrentar momentos difíceis. E quando ficar difícil você precisará ter clareza do porque está fazendo isso e quem ficará orgulhoso de você quando chegar o dia de receber seu “prêmio”. Dessa forma, você conseguirá se manter firme e consistente no seu propósito, seja ele qual for.


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